Os antídotos e antagonistas específicos
são substâncias químicas que, por
diferentes formas e por mecanismos antagônicos,
reduzem ou revertem os efeitos nocivos dos agentes tóxicos.
Quanto ao tipo de ação que
desempenham, podem ser classificados em antídotos
e antagonistas que:
a- impedem a formação
de metabólitos tóxicos –
ex.: N-Acetilcisteína nas intoxicações
por paracetamol e etanol ou fomepizol nas intoxicações
por metanol e etilenoglicol;
b- ligam-se ao agente tóxico
formando complexos menos tóxicos e de fácil
excreção renal (quelação)
– ex.: deferoxamina para ferro; D-Penicilamina
para o cobre e EDTA cálcico para o chumbo;
c- adsorvem o agente tóxico
impedindo sua absorção –
ex.: carvão ativado para a drogas adsorvíveis;
terra de Füller para o herbicida paraquate; amido
para o iodo;
d- exercem ação competitiva
sobre o sítio alvo – ex.: naloxona
nas intoxicações por opióides; flumazenil
nas intoxicações por benzodiazepínicos;
atropina e acetilcolina nas intoxicações
por anticolinesterásicos; propranolol nas intoxicações
por beta-adrenérgicos (salbutamol, terbutalina);
oxigênio nas intoxicações por monóxido
de carbono;
e- atuam corrigindo distúrbios
funcionais ou dano celular produzido pelo agente tóxico
– ex.: pralidoxima na recuperação
da inibição da enzima acetilcolinesterase
inibida por organofosforados; biperideno para a correção
dos distúrbios extrapiramidais induzidos por drogas
como metoclopramida e fenotiazínicos; gluconato
de cálcio para correção da hipocalcemia
produzida por fluoretos; dantrolene no controle da hipertermia
maligna;
f- atuam por mecanismos imunológicos
– ex.: soros antipeçonhentos usados nos acidentes
ofídicos, aracnídicos, escorpiônicos
e por Lonomia; fragmentos Fab antidigoxina.
Essas substâncias têm importante
função no tratamento das intoxicações.
Possuem a ação mais específica, mais
eficaz e, muitas vezes, mais rápida dentre todas
as substâncias ou métodos com utilidade terapêutica
em Toxicologia Clínica. Podem reduzir significativamente
a morbidade e a mortalidade em certas intoxicações,
mas, não são disponíveis para a maioria
dos agentes tóxicos e, segundo estimativas, são
utilizados em apenas 1% dos casos.
O consumo e a experiência clínica
na utilização desses medicamentos apresentam
grandes variações regionais. Por exemplo,
a N-Acetilcisteína é frequentemente
empregada nos Estados Unidos e Inglaterra, tendo vista
o grande número de intoxicações por
paracetamol nesses países. No Brasil, casos graves
deste tipo de intoxicação ainda são
raros, porém existe uma grande possibilidade para
o aumento dessas exposições, considerando-se
a elevação do consumo de paracetamol em
razão da epidemia nacional de dengue.
As indicações para o uso
de antídotos e antagonistas devem seguir os seguintes
critérios:
1. especificidade de ação frente ao agente tóxico;
2. condições clínicas que justifiquem o seu uso (intoxicações graves ou com prognóstico de severidade);
3. concentrações sanguíneas do toxicante em níveis potencialmente tóxicos ou letais (por determinação analítica ou por estimativa através da dose ingerida);
4. os benefícios terapêuticos superem os riscos, uma vez que os antídotos também possuem toxicidade intrínseca;
5. ausência de contra-indicações.
FONTE: UFRJ - Disponível em: < http://ltc.nutes.ufrj.br/toxicologia/mIV.adm.htm> Acesso em 27/04/2003
Nenhum comentário:
Postar um comentário