terça-feira, 23 de novembro de 2010

Dependência de narcóticos = dependência física e psicológica


A dependência de narcóticos é uma dependência física e psicológica intensa (uma compulsão para continuar a tomar narcóticos). Devido ao desenvolvimento de tolerância, a dose deve ser continuamente aumentada para obter o mesmo efeito e é necessário usar continuamente o mesmo narcótico ou um semelhante para evitar a síndroma da abstinência.
Os narcóticos que tem um uso médico legítimo como analgésicos potentes chamam-se opiáceos e incluem a codeína (que tem um baixo potencial para criar dependência), a oxicodona (isolada ou em várias combinações, como a oxicodona mais paracetamol), a meperidina, a morfina e a hidromorfina. A heroína, que é ilegal em muitos países, é um dos narcóticos mais potentes.
A tolerância e a abstinência ligeiras podem desenvolver-se em 2 ou 3 dias de uso continuado. Quando se suspende o uso da droga, por vezes aparece a síndrome de abstinência. A maioria dos narcóticos em doses equivalentes pode produzir graus de tolerância e de dependência física equivalentes. Os dependentes podem substituir um narcótico por outro. As pessoas que desenvolveram tolerância podem mostrar poucos sinais de uso de drogas e funcionar normalmente nas suas actividades diárias enquanto continuam a ter acesso às drogas. As pessoas a quem se administram narcóticos para tratar a dor intensa correm pouco risco de se tornarem dependentes se usarem a medicação como é prescrita.

Sintomas

Os narcóticos usados para aliviar a dor podem ter outros efeitos, como obstipação, pele avermelhada ou quente e pressão arterial baixa, prurido, pupilas contraídas, sonolência, respiração lenta e profunda, frequência cardíaca lenta e temperatura corporal baixa. Os narcóticos podem causar também euforia, às vezes simplesmente porque uma dor intensa finalmente desapareceu.
Geralmente os sintomas da abstinência são os opostos aos efeitos da droga: hiperatividade, um sentido de alerta exacerbado, respiração rápida, agitação, aumento do ritmo cardíaco e febre. O primeiro sinal de abstinência é, em regra, a respiração rápida, geralmente acompanhada por bocejos, transpiração, lacrimação e corrimento nasal. Outros sintomas incluem pupilas dilatadas, horripilação («pele de galinha»), tremores, espasmos musculares, sensações fugazes de calor e de frio, dores musculares, perda de apetite, contracturas intestinais e diarreia. Os sintomas podem aparecer só de 4 a 6 horas depois de deixar de usar o narcótico e chegam ao máximo em 36 a 72 horas. Os sintomas de abstinência são mais graves nas pessoas que utilizaram grandes doses durante longos períodos. Como os narcóticos são eliminados do corpo em diferentes velocidades, os sintomas de abstinência diferem para cada droga.

Complicações

Muitas complicações, para além da abstinência, derivam do abuso de narcóticos, especialmente se as drogas são injectadas com agulhas partilhadas sem esterilização. Por exemplo, a hepatite viral, que pode transmitir-se através de agulhas partilhadas, causa lesão hepática. As infecções ósseas (osteomielite), particularmente nas vértebras, pode também verificar-se com o uso de agulhas não esterilizadas. O cotovelo do dependente de drogas (miosite ossificante) é causado pelas injecções repetidas e com agulhas defeituosas; a musculatura à volta do cotovelo é substituída pelo tecido cicatricial. Muitos dependentes começam com injecções subcutâneas, que podem causar úlceras cutâneas. À medida que aumenta a dependência, o drogado pode injectar a droga na veia, voltando à injecção subcutânea quando as suas veias estão tão cheias de tecido cicatricial que já não se pode injectar através delas.
Os dependentes de narcóticos desenvolvem problemas pulmonares, como irritações pulmonares por aspiração (inalação da saliva ou do vómito), pneumonia, abcessos, êmbolos pulmonares e cicatrizes, resultado do talco contido nas injecções com impurezas.
Podem desenvolver-se problemas em relação com o sistema imunitário. Os dependentes que se injectam com drogas por via endovenosa perdem a capacidade de lutar contra as infecções. Devido ao facto de o vírus da imunodeficiência humana (VIH) poder propagar-se através de agulhas partilhadas, grande número de pessoas que se injectam com narcóticos desenvolvem também a SIDA.
A dependência de narcóticos pode provocar problemas neurológicos, geralmente como resultado de um desadequado fluxo de sangue no cérebro. Pode ocorrer coma. A quinina, um contaminante habitual da heroína, pode causar visão dupla, paralisia e outros sintomas de lesão nervosa, como a síndroma de Guillain-Barré. Os microrganismos infectantes provenientes de agulhas não esterilizadas podem, por vezes, infectar o cérebro, provocando meningite e abcessos cerebrais.
Outras complicações incluem abcessos cutâneos, infecções da pele e de gânglios linfáticos e coágulos sanguíneos.
A sobredosagem de drogas (overdose) representa uma grave ameaça para a vida, particularmente porque os narcóticos podem suprimir a respiração e encher de líquido os pulmões. Uma concentração inesperadamente alta de heroína injectada ou mesmo inalada pode conduzir à sobredosagem e à morte.
O consumo de narcóticos durante a gravidez é especialmente grave. A heroína e a metadona atravessam facilmente a barreira placentária até ao feto. Uma criança nascida de uma mãe dependente pode desenvolver rapidamente a síndroma de abstinência, incluindo tremores, guinchos agudos, estado de nervosismo, convulsões e respiração rápida. Uma mãe infectada pelo VIH ou pelo vírus da hepatite B pode transmitir o vírus ao feto.

Tratamento

A sobredosagem de narcóticos (overdose) é uma urgência médica que deve ser tratada rapidamente para evitar a morte. A sobredosagem pode suprimir a respiração e pode acumular-se líquido nos pulmões (edema pulmonar) de tal modo que se requeira tratamento com ventilação mecânica. Os médicos dos serviços de urgência injectam um medicamento chamado naloxona por via endovenosa para bloquear a acção do narcótico.
Há poucos médicos que tenham formação ou experiência no tratamento de uma dependência de narcóticos e as leis regulam a actuação do médico. De qualquer forma, os dependentes de narcóticos devem expor os seus problemas ao médico de cuidados primários, o qual poderá recomendar-lhes um centro para o tratamento da dependência. Tais centros podem tratar a síndroma de abstinência e fazer acompanhamento psicológico e social.
Embora a síndroma de abstinência acabe por ceder, a abstinência aguda pode ser grave e durar vários dias. Os seus sintomas, muito desagradáveis, criam uma forte compulsão a tomar de novo drogas; no entanto, geralmente não representam um risco vital e podem ser aliviados com medicação.
A substituição do narcótico pela metadona é o método de tratamento preferido para a abstinência. A metadona que, de fato, é também um narcótico, administra-se por via oral e altera menos a função cerebral do que outros tipos de narcóticos. Como os efeitos da metadona são muito mais duradouros do que os de outros narcóticos, pode tomar-se com menos frequência, habitualmente uma vez por dia. A manutenção dos dependentes com doses suficientemente grandes de metadona durante meses ou anos permite-lhes ser socialmente produtivos porque os seus problemas de fornecimento estão solucionados. Para alguns, o tratamento é útil. Outros podem não se reabilitar socialmente.
Os dependentes devem dirigir-se diariamente à clínica, onde lhes é dispensada a metadona nas doses o mais pequenas possível para prevenir o desenvolvimento da síndroma de abstinência intensa. Geralmente, 20 mg de metadona por dia impedem o desenvolvimento de abstinência grave; no entanto, alguns dependentes necessitam de doses maiores. Uma vez que se estabeleceu a dose de metadona que diminui a intensidade da reacção de abstinência, procede-se à redução de 20 % desta dose aproximadamente todos os dias. Isto deixa a pessoa livre de sintomas agudos de abstinência, mas não previne uma recaída para consumir de novo heroína.
A interrupção da manutenção com metadona pode produzir, por vezes, uma reacção desagradável, como dor muscular profunda (dores ósseas). As pessoas com abstinência de metadona geralmente têm mau feitio e problemas em conciliar o sono. Pode servir de ajuda tomar soníferos durante várias noites. Muitas das reacções da abstinência desaparecem ao fim de 7 a 10 dias, mas a debilidade, a insónia e a ansiedade intensa podem durar vários meses.
Em alguns países, determinados centros de tratamento podem dispensar 1-alfa-acetilmetadol (LAAM), uma forma de metadona de actividade prolongada. Isso elimina a necessidade de ir diariamente à clínica ou de tomar medicamentos em casa. No entanto, o LAAM está ainda na fase experimental.
A síndroma de abstinência de narcóticos pode também ser aliviada com um medicamento chamado clonidina. No entanto, a clonidina pode provocar alguns efeitos secundários, como baixa de pressão arterial, sonolência, inquietação, insónia, irritabilidade, aumento do ritmo cardíaco e dores de cabeça.
A naltrexona é um medicamento que bloqueia os efeitos inclusive de doses endovenosas muito importantes de heroína. Dependendo da dose, os efeitos da naltrexona duram entre 24 e 72 horas. Por causa disso, um dependente que tem uma inserção social estável pode tomar este medicamento diariamente (ou três vezes por semana) para evitar a tentação de consumir heroína. Um grupo de apoio formado pelo médico, pela família e pelos amigos é importante para o êxito do tratamento.
O conceito de comunidade terapêutica surgiu há quase 25 anos em resposta aos problemas da dependência da heroína. Os pioneiros deste apoio não farmacológico foram Daytop Village e Phoenix House. O tratamento implica conviver numa comunidade um tempo relativamente longo (geralmente 15 meses) para ajudar os dependentes a construir uma nova vida através do treino, da educação e de uma reorientação do seu comportamento. Estes programas ajudaram muitas pessoas, mas permanece sem resposta qual foi precisamente o seu resultado e com que amplitude deverão ser aplicados.

A epidemia de SIDA levou algumas pessoas a sugerir que se entreguem seringas e agulhas esterilizadas aos dependentes que se injectam. Demonstrou-se que isso reduz a transmissão do VIH.

fonte: http://www.manualmerck.net/?id=118&cn=996

4 comentários:

  1. eu nao tenho nada contra as pesssoas q usam dogras ,pq nao sao pq ela usan q ela tambem nao sao gente né

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  2. Concerteza. Até porque os dependentes químicos são doentes. Eles fazem o uso não porque querem, mais sim para sustentar a própria dependência, pois eles tem fortes crises de abstinência se não usarem. Mais temos que tratá-los como qualquer ser humano que precise de apoio e não de julgamento.

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  3. Será q um paciente com Cancer, q administrou muito metadona durante o tratamento da dor, pode desenvolver abstinência?

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  4. Concerteza. Metadona é uma fármaco(narcótico, mais precisamente)opióide. Mais a abstinência é mais leve e mais prolongada que a abstinência da heroína por exemplo.

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